domingo, 26 de abril de 2020

O Diário Secreto de Laura Palmer

Vamos agora para mais um post do Pena, Tinteiro e Papel, nosso clube do livro. O livro dessa vez é: O diário secreto de Laura Palmer escolhido pela Paula.
Para ver as opiniões do Mateus, da Vanessa, da Giani e agora também da Mysttyky e da Paula é só clicar nos links ;)


Informações Técnicas

Páginas: 272
Ano: 2016
Autor: Jennifer Lynch
Editora: GloboLivros

SINOPSE:

Laura Palmer, a bela rainha do baile de formatura, a menina com as melhores notas, gentil, encantadora, filha de pais amorosos e o retrato perfeito da juventude de ouro americana. Quem teria algum motivo para assassinar Laura a sangue frio? A resposta para essa pergunta não estava no diário róseo encontrado pela polícia no quarto da jovem, mas sim em um volume escondido, onde Laura expõe sua verdadeira face. Drogas, orgias, prostituição, abuso, medo. Um retrato de uma adolescente perdida, que, ao tentar romper com os padrões impostos pela rígida sociedade interiorana onde foi criada, trilhou um caminho sem volta de perdição e desespero.

A cada entrada do diário, que se inicia em seu aniversário de doze anos e segue até o dia de sua morte, quatro anos depois, Laura revela detalhes não apenas sobre seu flerte com a depressão como também a realidade sórdida ocultada pelas brumas de Twin Peaks, cidade madeireira do interior dos Estados Unidos, onde, assim como a própria Laura, ninguém – e nada – é exatamente o que parece ser.


A História

O diário secreto de Laura Palmer é um suspense sobrenatural, sendo um prequel da séria de muito sucesso dos anos 90 Twin Peaks, o livro é escrito por Jennifer Lynch, filha do criador da série David Lynch, porém essa resenha é baseada apenas no livro já que eu não assisti a série, e como de costume essa resenha tem alguns spoilers.
É 22 de Julho de 1984 e uma menina se apresenta em um diário, seu nome é Laura Palmer e ela está completando doze anos. Laura vive com seus pais em Twin Peaks uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, na fronteira com o Canada. E isso deixa a história mais difícil de “engolir”.
Laura é uma menina “perfeita”, com uma vida “perfeita”, tem boas notas, foi eleita a rainha do baile, é amada pelos pais e pelo namorado, o capitão do time de futebol da escola. Mas como alguns sabem as aparências podem esconder muitos monstros e demônios. E assim é com Laura, por trás de toda essa perfeição tem uma garotinha que é constantemente abusada por Bob, mas quem ou o que é Bob? Uma substituição infantil para um abusador do mundo real? Uma entidade demoníaca que sente prazer em abusar da menina? Uma alucinação de uma mente destruída? Nós não sabemos, apenas sabemos que ele aparece nos sonhos de Laura e a abusa.
Laura vai crescendo e os abusos vão aumentando, não apenas sexuais, mas de todas as formas, Bob bombardeia a mente dela com ideias de que ela é uma pessoa má, que ela gosta dos abusos, que ela é um lixo. Ela tenta lutar contra todos esses pensamentos, e vemos que nem ela sabe o que o Bob é, ou se ele é real, mas de toda forma Laura entra em uma espiral negativa, e vemos ela se destruir a cada nova anotação no diário, a cada dia ela se afunda em drogas, sexo, prostituição e até um aborto e por fim a morte assassinada.

Opinião

No começo desta resenha eu disse que um dos motivos desta história ser difícil de “engolir” é o fato de se passar em uma cidadezinha, em alguns momentos do livro Laura escreve que todos acreditam que ela seja a jovem perfeita, foi até eleita a rainha do baile, enquanto se droga e participa de orgias na floresta… realmente não “desce” que Laura tenha feito tudo o que fez e tenha passado despercebido para a cidade inteira (só faria sentido se a cidade fosse o próprio mal, como em It a coisa, e não há nenhum indicio disto), ainda mais que a todo o momento ela faz uso de cocaína e novamente, não acredito que ninguém perceberia. Isso foi algo que me incomodou bastante nesse livro.
A história toda é escrita em forma de diário e do ponto de vista da Laura (Já que o diário é dela :P), talvez por esse motivo todos os personagens sejam rasos e nada cativantes, praticamente não sabemos nada dos pais dela, a melhor amiga quase nem aparece e o namorado é só um cara apaixonado que gosta de se drogar e depois vira traficante, sinceramente não achei nenhum personagem cativante nessa história.
Jennifer Lynch tentou criar um livro denso e profundo que trata de vários temas realmente importantes, como transtornos mentais e abusos sexuais, físicos e psicológicos, mas infelizmente não foi bem executado, me pareceu que ela mais quis chocar os leitores com cenas explicitas do que realmente tratar desses assuntos e das consequências que transtornos e abusos podem causar. Só fica claro que abusos de todas as formas podem destruir uma pessoa, mas isso não foi bem executado, parece que a Laura realmente gosta de afundar na lama as vezes, sim, isso por vezes acontece na vida real, mas o péssimo desenvolvimento dos motivos de suas escolhas, junto com a dúvida de saber se os abusos são reais ou se estão apenas na cabeça dela, faz com que os sentimentos dela escritos no diário não pareçam reais.


Veredito

Comecei esse livro com uma certa expectativa, um livro diferente do que estou acostumado a ler, algo que não está no meu radar e acredito que todo mundo gosta de um bom suspense, o que infelizmente não foi o caso, para mim foi um amontoado de boas ideias mal executadas. Talvez e experiência seja diferente para quem é fã da séria, mas acredito que para aqueles que como eu não assistiram não seja uma boa leitura.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Até que a morte nos separe



Informações Técnicas

Páginas: 126
Ano: 2016
Autor: Rafael Cordeiro
Editora: Independente
À Venda emAmazon

SINOPSE:

Quando um jovem viúvo chega em casa e encontra sua esposa sentada casualmente no sofá da sala, algo certamente está errado. A dantesca cena é o gatilho inicial para uma jornada rumo ao misterioso, onde o amor é capaz de desafiar os limites da vida e da morte.
Neste romance, fantasia e realidade estão muito mais relacionadas do que pensamos: deuses podem estar na sua esquina; demônios podem estar no seu quarto. O imprevisível caminho trilhado pelo protagonista o levará a lugares proibidos, a lugares esquecidos, tudo em busca de sua amada.



A História


Até onde você iria por amor?

Daniel está arrasado. Qualquer um em seu lugar também estaria. Após pouco tempo de casado sua esposa está morta. Mas qual seria a sua reação se ao chegar em casa após o velório você encontrasse sua esposa te esperando? Certamente algo não está certo, pior ainda quando alguém aparece com o aviso de que se Anna não voltasse os dois sofreriam graves consequências. Anna não tem outra opção se não a voltar de onde veio. Só que Daniel não aceita perder sua esposa pela segunda vez e começa sua jornada ao reino dos mortos.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1 Coríntios 13:4-7

O livro segue em duas linhas temporais, o Agora  que mostra a jornada de Daniel em busca de recuperar Anna e o Antes que mostra a relação do casal antes do fatídico dia, são pequenas demonstrações de amor e momentos marcantes da vida do deles como o dia que se conheceram o dia do casamento entre outros. De modo geral gostei mais das pequenas histórias do casal, a relação entre os personagens, a forma real de amor, não aquelas coisas forçadas em que os casais só estão juntos porque o autor assim o quis, tudo faz sentido.

Nós lanchamos no primeiro lugar que apareceu. Foi uma ocasião normal, no final de tudo. Na maioria das vezes, a vida é composta por acontecimentos absolutamente banais. É apenas a maneira de vê-los que os torna mais interessante.
Opinião

Conheci esse livro em um grupo literário no Facebook, o qual participavam diversos autores nacionais e blogueiros/youtubers. A princípio pensei que este livro fosse um daqueles romances clássicos, ledo engano. O livro do Rafael Cordeiro, sim tem como tema principal o amor, mas vai muito além disso, é uma fantasia madura, que aborda o amor não de forma banal ou bobo mas um amor que move e que se sacrifica.
Até que a morte nos separa trata também de religião e crença, no livro tem como personagens importantes diversos deuses de diversas religiões do passado, como a grega e a nórdica e do presente como o cristianismo. No livro todos os deuses existem por que a humanidade acredita neles, a partir do momento em que o culto a eles diminuem eles perdem a força para aqueles que são mais adorados. Sinceramente eu tenho uma pequena dificuldade em “aceitar” algo que vai contra a minha fé (estou tentando corrigir isso), portanto essa premissa me incomodou um pouco, mas nada que tire a beleza da obra.

Veja. Veja bem. Tudo o que vocês cultivam no mundo lá de cima deixado de lado. Tudo que lhes é mais caro. Todo aquele esforço diário não serve de nada na morte.

Veredito

Até que a morte nos separe é um livro bem curtinho mas, muito bem escrito, trazendo uma releitura moderna do mito grego de Orfeu e Eurídice, porém algumas partes poderiam ter um melhor desenvolvimento, principalmente a mitologia deste mundo, os deuses e tudo mais, mas ainda assim o que mais me desagradou é um tanto polêmico, mas eu achei o final da história um pouco abrupta e simplesmente ele não me agradou. Não tem nada de errado com o final e muita gente pode e realmente gostou, mas não deu certo para mim, enfim Até que a morte nos separe é um livro que tem mais qualidades do que defeitos (e até os defeitos nesse caso em sua maioria são questão de gosto) e recomendo para todo aquele que gosta de uma fantástica história de amor.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Só a Terra Permanece




Informações Técnicas

Páginas: 356
Ano: 1990
Autor: George R. Stewart
Editora: GRD



SINOPSE:
Enquanto o jovem estudante de geografia Ish estava isolado nas montanhas fazendo um trabalho para a faculdade, uma doença dizima a vida na Terra deixando apenas alguns poucos sobreviventes. Ele então faz uma jornada solitária pelos EUA, encontrando pessoas abaladas pela tragédia, voltando depois à sua cidade natal e tomando a casa de seus pais como nova moradia. Ao longo do tempo ele vai encontrando pessoas com quem forma uma tribo


A História

Só a Terra Permanece é um livro de ficção científica escrito por George R. Stewart e lançado em 1949, a história acompanha Isherwood Williams (ou simplesmente Ish), um estudante de geografia, que estava isolado nas montanhas fazendo uma pesquisa de campo, mas ele é picado por uma cobra e passa alguns dias de terror entrando e saindo de um sono febril. Quando finalmente se recupera Ish resolve voltar para a cidade. Mas há algo estranho. Todas as ruas estão desertas, todas as lojas estão fechadas, então ele encontra um jornal e o que está escrito o deixa estarrecido: um vírus desconhecido havia dizimado quase toda a humanidade.
Depois de um momento de reflexão Ish decide que ele não pode ser o único sobrevivente, alguém mais deve ter sobrevivido então ele viaja pelos Estados Unidos na busca por sobreviventes, onde encontra apenas pessoas muito afetadas pela tragédia: uns bêbados que não veem mais nenhum sentido na vida, outros loucos e armados, então ele acaba voltando para sua cidade, tomando como moradia a antiga casa de seus pais. Com o passar do tempo vão se juntando a ele algumas pessoas menos impactadas e assim eles começam a formar uma “tribo”, um reinício da civilização.

Opinião

Para ler essa história é necessário um pouco de esforço, a primeira parte do livro é bem enrolada e parece que não leva a lugar algum, porém ela é importante para mostrar ao leitor da situação da terra (ou melhor dos EUA), das pessoas sobreviventes e para nos fazer criar uma certa empatia com o personagem principal após o desastre. Nesse começo o foco fica nos conflitos e decisões internas de Ish, e nas previsões de como seria a evolução do planeta após a queda dos Homens, o que é um prato cheio para aqueles que gostariam de um vislumbre da Terra sem a influência dos Humanos.
Se a primeira metade do livro é enrolada e “difícil” de ler, a segunda é completamente  oposta, começam a surgir mais personagens e o que te prende ao livro não são grandes batalhas, ou “cenas” de perseguição, e sim a interação entre os personagens, as diferenças entre cada membro do grupo e em como eles lidam com isso. Você devora as páginas para saber como o grupo vai superar esse ou aquele problema, você se irrita com a indiferença dos mais jovens, e se abala com as tragédias que acontecem.
Só a Terra Permanece é uma história que, apesar de o começo lento exigir um pouco paciência, a forma como a história se desenvolve, principalmente a partir da introdução e do desenvolvimento de novos personagens, vale totalmente o esforço.

“Uma geração vai e outra geração vem; mas a Terra permanece.”
Eclesiastes 1:4 

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Ouro, Fogo & Megabytes (Legado Folclórico#1)






Informações Técnicas



Páginas: 324
Ano: 2012
Autor: Felipe Castilho
Editora: Gutemberg


SINOPSE:
Anderson Coelho, um garoto nada extraordinário de 12 anos, divide sua vida entre a pacata realidade escolar e uma gloriosa rotina virtual repleta de aventuras em Battle of Asgorath, jogo de RPG online em que jogadores do mundo todo vivem num universo medieval, cheio de fantasia. Lá, Anderson – ou Shadow, nome de seu avatar – tem vida de estrela: é o segundo colocado do ranking mundial. E são justamente suas habilidades que chamam a atenção de uma misteriosa organização, que o escolhe para comandar uma missão surpreendente junto com um grupo de eco ativistas nada convencionais.
Ao embarcar para São Paulo, Anderson mergulhará de cabeça em uma aventura muito mais fantástica que as vividas em seu computador. Os encontros com hackers ambientalistas, ativistas com estranhos modos de agir e muitas criaturas folclóricas oferecerão a Anderson Coelho respostas não só sobre sua missão, mas também sobre sua própria vida, enquanto um novo mundo se descortina diante de seus olhos.

A História

Ouro, fogo e megabytes é uma história de fantasia infanto-juvenil escrita por Felipe Castilho. Nela acompanhamos Anderson Coelho, um garoto de 12 anos que mora no interior de Minas Gerais e como um bom nerd Anderson não tem muita aptidão para esportes preferindo passar seu tempo livre no quarto jogando Battle of Asgorath (um MMORPG) com seus amigos também nerds. Anderson é o líder de sua guilda e o segundo colocado no ranking mundial do jogo.



Após uma missão bem sucedida do seu grupo, uma criatura estranha se aproxima, um halfling level 1 (e que escreve sem nenhum erro de português). O Halfling convida Anderson para uma missão de extrema importância em São Paulo, desconfiado, Anderson a princípio recusa a oferta mas após alguns acontecimentos e uma suspensão escolar ele acaba aceitando a oferta e parte para uma aventura em São Paulo, onde toda a sua vida irá virar do avesso.
Chegando em São Paulo ele vai conhecer a Organização, uma espécie de ong ambiental mas que não recebe dinheiro do governo. A Organização é liderada por Patrão, um homem negro, de uma perna só, que usa uma boina vermelha e vive fumando cachimbo… Além de outras coisas “estranhas” que outros membros da organização podem fazer.
Em São Paulo Anderson terá de enfrentar a desconfiança de alguns, criar algo que parece estar além de suas capacidades, enfrentar criaturas sobrenaturais e ajudar a salvar o país de uma catástrofe sem precedentes… Será que ele consegue?

Opinião

Nessa releitura do nosso folclore Felipe Castilho criou uma fantástica aventura infanto-juvenil em que o protagonista (Anderson) vai pouco a pouco mudando a sua consciência e passando a dar valor em coisas que antes lhe pareciam banais. O universo criado pelo autor é muito bem desenvolvido, os personagens são bem desenvolvidos mas todos eles têm ainda perguntas não respondidas que devem ser tratadas nos próximos volumes.

Veredito

Ouro, fogo e megabytes é um livro cheio de lições de moral, fala sobre a destruição da natureza, sobre ganância, sobre a maldade e sobre a amizade que está acima de qualquer bem material. São todas as mensagens muito importantes e válidas para o tempo em que vivemos, em alguns momentos essas lições embutidas na história foram um pouquinho massantes, mas passa rápido, nada que comprometa a qualidade da história, que é leve, divertida e por vezes até engraçada.