RPG (Role-Playing Game) é um jogo de
intepretação de papeis, onde os jogadores assumem papeis de personagens e criam
narrativas colaborativamente.
Não me lembro quando foi a primeira vez que ouvi falar sobre o jogo de RPG, mas foi quando ouvi o Nerdcast especial RPG – O Bruxo, a Princesae o Dragão, que senti uma vontade muito grande de jogar, mas eu não tinha nenhum grupo, ou pelo menos um mestre para jogar, tinha apenas mais um amigo meu (Fábio) que também nunca tinha jogado, mas também estava com muita vontade. Com o passar do tempo e ainda sem um grupo fechado, e principalmente sem um mestre, eu comecei a pensar “um grupo eu consigo arrumar, mas um mestre está difícil, então eu vou ter que mestrar”, então eu pesquisei sistemas procurando um que eu conseguisse entender facilmente e não precisasse de muita coisa para começar a jogar. Não deu certo. Pesquisei de forma preguiçosa e sem muito entusiasmo, e acabei nunca aprendendo um sistema e uma aventura, mas aí surgiu mais um jogador, o Mateus que após ouvir o episódio do Nerdcast, também se animou para jogar.
Com um pequeno grupo formado, eu passei a encher o saco da Vanessa, que sabia jogar mas nunca havia sido mestre, a mestrar uma aventura simples para um grupo com três iniciantes. Acho que no início ela não estava muito interessada nisso, e sem nenhum constrangimento eu continuei insistindo, até que em uma das muitas vezes em que ela me chamou para ir em sua casa, eu consegui convence-la a nos ensinar a jogar. No dia marcado tivemos algumas surpresas, 1º o Fábio teve problemas inesperados e não pode ir e 2º não seria a Vanessa que ia mestrar e sim o Fernando, um mestre já experiente.
Nesse primeiro dia escolhemos os
personagens (utilizamos personagens prontos para ganhar tempo) eu fui um elfo
ranger, o Mateus foi um humano ladrão, e a Vanessa que foi uma meio elfa
clérigo e ainda tinha um draconatos guerreiro que era um NPC, e então iniciamos
a aventura...
Nosso grupo estava
em uma cidade em busca de algum trabalho. Sem sucesso. Até que enquanto já
pensávamos em rumar para outra cidade, algo estranho acontece. Duas crianças
somem misteriosamente, apenas um mendigo, conhecido em toda a cidade por sua
loucura, afirma tê-las visto serem carregadas para fora da cidade, por três
criaturas semiocultas em sombras. Ninguém acredita nele, muito menos nós
deveríamos, mas o nosso clérigo é muito bondoso, até inocente eu diria, e nos
convenceu a investigar melhor este caso ao invés de buscar um contrato em outra
cidade. Fomos então conversar com o artesão Quinn Stasi, o pai das crianças.
Ele veio todo sorridente e simpático nos atender, ele conseguiu esconder sua
preocupação dos outros, mas um humano não sabe esconder suas emoções, e para um
elfo treinado para observar e perceber as coisas, seu rosto foi lido com mais facilidade
do que um livro no idioma comum. E o que estava escrito no rosto do Sr. Quinn
Stasi era preocupação e medo. Depois dos cumprimentos usuais, nós pedimos para
ver alguns dos trabalhos dele, pois gostaríamos de encomendar um serviço.
Depois de alguma conversa e insinuações sobre filhos e ajudantes, conseguimos
faze-lo falar.
Ele nos contou que
seus filhos haviam sido sequestrados, mas ninguém na cidade acreditava, diziam
que sua ex-mulher tinha-os pegado escondido, mas ele tinha certeza de que as crianças
haviam sido sequestradas. E para um fim sombrio, já que ele tinha pagado por um
ritual que mostrou que seus filhos estavam vivos, mas estavam num local onde
nem os mais loucos tem coragem de ir, o mausoléu do antro das sombras.
Depois de mais
algum tempo de conversa e negociação, nós fechamos negócio: nós iriamos nos
arriscar no mausoléu para trazer os filhos dele de volta em troca de peças de
ouro suficiente para satisfazer a cada um de nosso grupo. Nos despedimos do Sr.
Quinn com a promessa de iniciar nossa busca até o amanhecer do dia seguinte,
pois precisávamos de algumas horas para preparar nossas coisas.
Andamos pela cidade
por mais algumas horas tentando encontrar mais alguma informação que pudesse
nos ajudar na nossa missão, mas não encontramos nada de novo, nem na taverna,
nem em nossa conversa com o mendigo que afirmara ter visto o sequestro, e em
nossa conversa com o mendigo louco eu tive uma leve impressão de que ele estava
se segurando para não rir da minha cara...
Partimos antes do
nascer do sol pela estrada que levava ao mausoléu, e Jerik, o nosso ladrão,
estava ao meu lado reclamando baixinho que, se tivéssemos ficado mais alguns
minutos na taverna, ele teria conseguido roubar discretamente algumas moedas de
um grupo que estava apostando em algum jogo de cartas. Andamos por mais algumas
horas até que chegamos em uma estrada que saia da principal e ia em direção ao
mausoléu, pouco depois de entrarmos nessa estrada, eu pude ver pegadas no chão,
três conjunto delas, todas humanoides, mas uma delas era menos profunda que as
demais, indicando que um elfo acompanhado por duas criaturas humanoides, havia
recentemente ido ao mausoléu.
O mausoléu está
localizado no topo de uma colina, cercada por outras colinas maiores, deixando-o
sempre nas sombras, a colina é pontilhada por lápides à esquerda e a direita do
mausoléu, e sua parte de trás dá para um rio caudaloso, fazendo com que o único
meio de aproximação do mausoléu seja pela estrada pela qual estávamos.
Chegamos à porta do
mausoléu, percebendo que ela não estava trancada, estava até entre aberta,
preparei meu arco já com uma flecha pronta, o clérigo preparou sua besta, e o
grandão estava com seu machado nas mãos, escolhemos o mais furtivo e com as mão
mais abeis para abrir a porta. Jerik encostou suas mãos no lado direito da
porta e foi levemente fazendo força...
Então de repente a
porta começou a fazer um rangido alto, terminando em um estrondo quando ela
bateu com força na parede lateral do mausoléu.
Após um momento de
apreensão conseguimos relaxar, quando percebemos que ninguém apareceu, logo
após esse momento de alivio veio a raiva, e todos nos viramos para encarar
Jarik, com um xingamento silencioso nos lábios.
Atravessamos a
porta e entramos numa sala cinza, simples e retangular, iluminada por
candeeiros de chama contínua. De cada lado da sala havia três sarcófagos, sobre
cada um deles há uma alcova com uma pequena estatua de Pelor, deus do sol e da
agricultura, ou Bahamut, deus da justiça e da honra. E no centro da sala um
obelisco com cerca de três metros de altura, com várias inscrições estranhas em
suas laterais.
Dividimos-nos e
começamos a investigar a sala, me aproximei do obelisco para tentar entender as
estranhas escrituras, olhando mais de perto achei indícios de uma passagem
oculta, resolvi chamar os outros para investigarmos juntos, e no momento em que
falei “ei pessoal venh...” uma criatura humanoide envolta em sombras veio das
profundezas do mausoléu, atravessando camadas de rocha solida até parar ao meu
lado, fazendo com que eu desse um pulo para trás. A criatura nos olhou por um
momento e disse um enigma que eu não consegui entender, eu pedi para ele
repetir mas ele apenas ficou me encarando de volta. Então discutimos entre nós
e decidimos que havia dito algo relacionado com “entrada sinistra” e “o caminho
se tornar claro quando o brilhante segue seu soberano”. Discutimos novamente e
decidimos investigar melhor as alcovas, observamos que nas que estavam do lado
esquerdo eram de Bahamut, exceto pela segunda estátua que era de Pelor, e as do
lado direito eram de Pelor, exceto a segunda que era de Bahamut. Visto isso
Jerik se aproximou de mim e disse para mudarmos as estatuas de lugar, pois ele
havia percebido que as estatuas tinham sido movidas recentemente. Então eu
peguei a estátua da direita enquanto Jerik pegou a da esquerda, e
simultaneamente nos movemos e trocamos as estatuas de lugar. No momento em que
pousamos a estatua sobre suas respectivas alcovas o fantasma desapareceu, e com
um som de engrenagens se movendo, uma porta se abriu na lateral do obelisco
revelando uma escadaria para o subterrâneo.
Esse foi o fim do primeiro encontro,
já estava ficando tarde e aproveitamos para parar a aventura por aí.
No mês seguinte nos reunimos novamente,
desta vez com a presença do Fábio, que não pode ir no primeiro dia, mas o
Fernando não poderia ser nosso mestre, então a Vanessa assumiu o posto de
mestre e o Fábio se tornou o clérigo, deixamos ele ciente da aventura e
continuamos...
Descemos a escadaria
e saímos em uma grande câmara de pedra, com um grande pilar quadrado no centro,
junto a algumas paredes haviam sarcófagos entulhados e vários ossos estavam
espalhados pala câmara. Três sarcófagos intactos foram colocados nos corredores
bloqueando a passagem, sendo um em cada lado do pilar e outro num corredor ao
fundo. Sobre cada sarcófago há um lampião lançando um estranho brilho laranja
em toda câmara. O óleo do lampião lançava um forte odor por toda a sala.
Dentro da câmara
dois hobgoblins nos esperavam com arcos nas mãos e uma espada na bainha,
corremos para nos proteger dos disparos e pegamos nossas armas.
Essa foi uma
batalha difícil. No começo apenas a distância, através de flechas e setas de
besta, mas depois Jerik e o grandão se aproximaram e começaram um embate corpo
a corpo com o hobgoblin mais próximo. Nessa batalha aconteceram coisas que não
podem acontecer. Tivemos sorte. Jerik ao tentar um golpe de cima para baixo no
hobgoblin, errou e acertou o próprio pé, o clérigo foi disparar a besta, mas
escorregou e jogou a seta para o alto e eu que disparei uma flecha certeira,
mas uma pena soltou-se e ela mudou de direção e atingiu de raspão o ombro do
clérigo. Mas apesar de tudo isso vencemos. Um hobgoblin morreu com a espada de
Jerik enterrada na garganta, já o segundo se aproveitando que o grandão, o
Jerik e o clérigo estavam próximos ao sarcófago, saltou pegando o lampião e
jogando-o em cima do sarcófago, causando uma grande explosão, se matando e
deixando o grandão e o Jerik desacordados.
Passados alguns
minutos conseguimos acorda-los e o fantasma apareceu de novo, desta vez dizendo
algo sobre honrar os mortos. Já entendendo o enigma dele passei a colocar os
ossos de volta aos sarcófagos enquanto Jerik investigava os outros sarcófagos
que bloqueavam a passagem. Quando terminei de arrumar os sarcófagos o fantasma
me indicou uma pedra solta onde tinha um recipiente com um liquido energético.
Continuamos por um
corredor longo e saímos numa caverna de chão irregular. Do lado oposto ao nosso
havia um portal horrendo, com a cabeça de um imenso diabo esculpido, os olhos
do enfeite grotesco brilhavam com uma luz esverdeada, olhando pelos olhos do
diabo pude ver uma sala com quatro estatuas gigantescas de cada lado e no
centro dentro de um círculo magico duas crianças acorrentadas. Tentamos abrir
mas a porta estava trancada. Mais à direita havia uma câmara cortada na
caverna, enquanto decidíamos se iriamos procurar alguma coisa lá, nosso clérigo
idiota saiu correndo em direção a câmara. Jerik ficou completamente
inconformado, tanto que apoio a espada nos joelhos começou a aplaudir e disse:
“Valeeeuuu”. Saímos correndo atrás dele, entramos na câmara...
E demos de frente
com dois esqueletos portando espadas velhas e enferrujadas, e um elfo com
aspecto maligno em cima de um pedestal.
Essa batalha foi
incrivelmente mais fácil do que a contra o hobgoblin, o grandão decepou a
cabeça de uma das caveiras com o seu machado e o nosso clérigo usou seu poder
contra o outro, enquanto eu disparava flecha atrás de flecha contra o elfo
maligno, mas quando eu estava quase acabando com ele, o fantasma surge
novamente ao meu lado, me fazendo dar um salto para trás, grita algo
relacionado a vingança e parte para cima do elfo, matando-o.
Saímos da sala e
voltamos a porta com a cabeça do diabo, Jerik ficou para trás, depois de alguns
minutos ele trouxe uma adaga de sacrifício e um livro de rituais. Ele disse que
não encontrou mais nada, mas tenho minhas dúvidas quanto a isso.
Voltamos a porta e
Jerik tentou algumas vezes antes de conseguir destranca-la, lá dentro
encontramos as duas crianças, amarradas, chorando e balbuciando algo sobre
círculo mágico e desabamento. Começamos a discutir, nosso clérigo não encontrou
nada mágico na sala, mas ficamos com muito medo de entrar no círculo, depois de
muita discussão e até um tapa do clérigo em Jerik, decidimos entrar no círculo.
No momento em que
Jerik entrou no círculo, duas das estatuas ganharam vida, e antes que alguém
pudesse fazer algo ela deu uma grande porrada no ladrão deixando-o caído no
chão, no mesmo instante pegamos nossas armas e começamos a atacar, Jerik
conseguiu se recuperar, virou-se no chão e magistralmente conseguiu soltar as
crianças, elas saíram correndo e ficaram nos esperando do lado de fora da sala.
Seria melhor se elas tivessem fugido. Não conseguimos escapar das estatuas.
Todas as vezes em que tentávamos fugir, um punho ou um pé de pedra nos atirava
ao chão. E enquanto isso, o teto começou a desmoronar, primeiramente enterrando
o elfo morto na outra sala, e depois as crianças. Tive apenas tempo de pegar a
bebida energética em minha mochila e colocar na boca, antes que as pedras nos
atingissem e nos levassem para a escuridão.
Bem, essa foi
minha primeira aventura de RPG, apesar de termos fracassado em nossa missão,
foi um jogo extremamente divertido, já estou ansioso para a próxima vez.